terça-feira, 12 de setembro de 2017

MÃE DE MITRA!

E seguimos com o Plantão A Espada Salvatiana® de Conan:


Novamente sem maiores alardes, aportou nas bancas de Vila Velha A Espada Selvagem de Conan - A Coleção vol. 2: A Libertação de Thugra Khotan. O que marca finalmente a republicação oficial dos primeiros números da clássica The Savage Sword of Conan, agora sim pela consagrada dupla Roy Thomas/John Buscema. Aye!

Compilando as edições de #1 a #4 de SSC, mais a adaptação do conto "Os Demônios da Montanha", do autor sueco Björn Nyberg, assinada por Thomas e Tony DeZuniga, a segunda entrega da Salvat dá o salto no preço para as previstas 29,90 sonjas - a ruiva, aliás, faz uma participação especialíssima nessa estreia.

Até aqui ainda desceu redondo, mesmo com o folder já antecipando a natureza salgada do investimento para o próximo volume - 44,90 thulsa-dooms!

Vai aí uma oração ao deus encarregado:

Crom, eu nunca orei para ti antes. Não levo jeito pra isso. Ninguém, nem mesmo tu te lembrarás se fomos homens bons ou maus, por que lutamos ou por que morremos. Não, tudo o que importa é que somos dois (eu e meu bolso) contra muitos (volumes), isto que é importante. A coragem te agrada, Crom, então concede-me um pedido, concede-me a verba! E se não me escutares, podes ir para o inferno!

(Crom, amigão, nunca concordei com essa última parte, isso é coisa de bárbaro cimério sem respeito pelas autoridades, espero que não tenha se ofendido)

arram.

A edição vem nos mesmos moldes da anterior, em versão enxuta. O folder é menor e dessa vez não tem encartezinho. Os extras também são mais contidos: temos um prefácio, a 2ª parte das Crônicas da Espada, a galeria de capas, as minibios, as próximas atrações e fim.

Um pack honesto, ainda que, ironicamente, mais caro que o recheado 1º volume.




E algum problema no paraíso? Não. E talvez.

Um dos aspectos mais marcantes na arte das Savage Sword originais - e que, diga-se, foi replicado fielmente nas ESC da Abril - eram os efeitos e sombreamentos cinzas auxiliando o preto definitivo do nanquim na arte-final. Com isso, o acabamento nos desenhos do bárbaro adquiria um detalhamento e complexidade ainda maiores, com um quê de virtualmente irreplicável. Não era arte de baixo padrão mesmo - apesar do formatão popular com grande herança do universo dos pulps.

Então, nunca foi apenas preto & branco - eu lembrava bem da "sujeira" desse lápis (ou tinta cinza clara, não sei mesmo) como algo bastante peculiar e recorrente nos gibis do Conan. E só deles.

Nos arquivos digitais que a Salvat usou para esta impressão, todas essas técnicas usadas por gênios da arte-final como Pablo Marcos e Alfredo Alcala quase não veem a luz do século XXI.

Quase... mas que saíram visivelmente prejudicadas em relação ao original, isso não há como negar.


Para comparar, clique em cima, desconte o amarelado da versão original e a qualidade chumbrega da câmera

A nova impressão está muito mais limpa, pálida e estéril, em contraste com o vigor e a vivacidade de outrora. Nada dramático, claro. Os tons de cinza ainda estão lá, ainda que bastante esmaecidos.

Aí volto a questionar sobre as fontes, franquias e joint-ventures envolvidas.

A Salvat em parceria com a Panini-matriz (só tem ragazzos & ragazzas no expediente) pode ter adquirido o material digitalizado pela Dark Horse, que, reportadamente, também trazia essas particularidades. Será? Não há qualquer menção à Dark Horse nos créditos, apenas à fonte direta, a inexpugnável Conan Properties.

Dúvidas, dúvidas...

Não é o fim do mundo, embora a arte tenha perdido um tanto de peso e profundidade. Mas após esse breve entrevero que tive entre as versões, veio justamente deste volume 2 a redenção que eu não esperava: a reedição do primeiro contato que tive com a arte-final do mestre Alcala, em meados dos anos 1980.


Sem dúvida, um belíssimo (re)começo.

8 comentários:

Alexandre disse...

De ver esses seus posts, ter acabado de rever Conan, The Barbarian, estou vendo que vai ser complicado escapar dessa coleção.
Que coisa maravilhosa!

JesseCuster disse...

Pior é a Mytho$$$ agora querer lançar o Conan conquistador por preços mais q exorbitantes...

doggma disse...

Alexandre, pra mim não era nem opção. Tenho contas a acertar com esse cimério desde que vendi minha pequena coleção de ESC da Abril quando "larguei tudo" no fim dos anos 80. E bem lembrado o "Conan the Barbarian". Já está na época da minha assistida sazonal deste clássico! A trilha sonora já ouço quase toda semana nos fones...

---

Fala, JesseCuster! A Mythos é o $upra-$umo da $afadeza mesmo, mas confesso que esse "Conquistador de 180 Mangos" Gigante tem balançado o verme que habita este corpo. Vou aguardar pela divulgação do conteúdo antes de me reunir com meus associados, avisar a fila de espera de doação de rim, etc.

VAM! disse...

Olá Doggma, mais um review detalhado e sem similares na net, parabéns.

Penso que a diferença nos tons de cinza, (ou "aguada" como aprendi nas aulas de desenho) é o pequeno preço que teremos que pagar por este resgate arqueológico, companheiro. Mesmo já tendo que pagar o auto preço das edições vindouras.

Mas se, as diferenças se restringirem apenas a esse "detalhe" acho que o saldo ainda será positivo.

Grande abraço,
VAM!

VAM! disse...

Doggma, curiosamente a página selecionada por você para termos de comparação é a mesma que escolhi para o meu anúncio no ML c/ o 3º "Almanaquinho" de Conan.

https://http2.mlstatic.com/conan-o-libertador-edico-historica-brinde-exclusivo-D_NQ_NP_934521-MLB25888172407_082017-F.webp

Se acaso a Abril, não republicou esta história em sua ESC, os tons de cinza/aguada mesmos "empobrecidos" serão tidos por muitos brasileiros como inéditos.

Abs,
VAM!

doggma disse...

E aí, VAM!

Além dessa versão colorida publicada na SAM #20 (fev/1984), a SSC #1 também foi publicada em p&b na mensal "Conan, o Bárbaro", da Mythos, edição #21 (out/2003). Não sei se de arquivos Dark Horse, visto que a mesma só lançou esse reprint em 2008.

"Tons aguados"... pois é o que parece mesmo. Vivendo e aprendendo, heh.

O pior é que, por conta dessa "sujeira" no acabamento, essas artes não restauradas da ESC envelheceram muito bem naquele papel jornalão amarelado da Abril!

Aliás, toda restauração gringa detona com as artes originais. Se mais ou menos, depende de cada caso, mas pela minha experiência é sempre assim. "Ás Inimigo" do Joe Kubert e "Zorro" do Alex Toth que o digam.

Marcelo Andrade disse...

Gostei do que vc expos....senti os ventos da tentaçao em minha nuca porem c/ preço ou n exorbitante o cimerio merece + respeito e atenção! Abraço!

doggma disse...

Marcelo, precisando de mais ventos da tentação aí é só falar, rs.

Sendo bem sincero: se ainda há um último título essencial a ser adquirido, esse título é o run de Thomas-Buscema na ESC. A sensação de ter esses volumes finalmente em mãos é de um acerto de contas histórico, com juros e correção. Não poderia recomendar mais.

Sinceramente, depois da ESC ser republicada na íntegra, no formatão magazine e com tradução decente como está sendo feito agora, é bem possível que eu dê uma boa pausa na coleção. Quiçá definitiva.

E, sabe, o preço não tá ruim não...

Abraços!